Semana Off-line

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A tecnologia veio para facilitar as coisas. No entanto, de uma forma desnecessária tem afastado as pessoas ao invés de uní-las, como promete. Passei uma semana com a internet desligada para redescobrir a singeleza da vida e aqui conto como passei esses sete dias maravilhosos, acompanhe!

Com inicio a meia noite de sábado, eu já queria desistir antes de começar. Engraçado que a vontade de desistir foi um gás pra continuar com a ideia, porque se eu não queria largar mão de internet por uma semana, isso mostrava o quanto eu estava necessitando de algo tão fútil. Não podia deixar o wi-fi ser mais forte. Seria uma experiência interessante, voltar em um tempo – pouco tempo atrás – onde isso era um luxo desnecessário. Estava curiosa com minhas conclusões embora já imaginasse quais seriam.

Desliguei a internet.

Domingo, 15 de novembro. O primeiro dia: um feriado no qual eu tive de trabalhar.

Estou muito curiosa pra ver as redes sociais. Por não ter interrupções, consegui desenhar mais rápido e obviamente a bateria do celular dura o dobro. Não sinto vontade de sair da mesa de almoço, por exemplo, pra ir checar notificações, prefiro ficar a mesa conversando com as pessoas. Aliás, converso com quem puder, até estranhos.

Conversando off-line vejo passar mais amigos da vida real e isso gera mais papo bom, mais abraço, mais… sentimento mesmo. Um amigo fez o arranjo de duas músicas pra mim, conversei com muitas pessoas no face to face e até joguei bola.

Conclusão do dia: é mais difícil de achar alguém, mas é mais divertido.

Segunda-feira, o dia menos esperado da semana

A verdade é que é quase um sentimento de liberdade. Estava pensando que deveriam criar uma rede social que, se a pessoa estiver perto de você, não dá pra mandar mensagem – mas dá pra ligar. Sem a ajuda tecnológica somos obrigados a nos ver mais e a nos organizar mais. Ainda estou curiosa. Tentei achar uns livros na biblioteca, nada. Aposto que tem PDF, droga. O tédio é péssimo porque dá vontade de fuxicar a internet, mas então eu fui conversar ao vivo. Encontrei muita gente, o que rendeu em muitos abraços!

Ainda sinto falta do spotfy. Me estressei hoje e eu sabia que a internet era ótima pra tapar esses buracos… Sem ela, tive que resolver todas as emoções na minha cabeça, sem postergar.

Conclusão do dia: perco tempo procurando as pessoas, mas ganho tempo em qualidade.

 

Terça-feira, olha só! Crédito existe…

Gastei créditos ligando para amigos e família, foi ótimo! Algumas pessoas não vi mais. Além do mais, encontrei mais pessoas na minha caminhada anti-tédio. Passei praticamente a tarde toda passeando de moto pelo bem prazer de andar de moto, o que foi ótimo – nada como o vento na cara. Ah, conheci um leitor do blog também, o que me deixou muito contente! As pessoas tem que vir até mim e eu até elas pra pedir favores e trocar informações, o que já deixa rolar altos papos e abraços. Acho que devo escrever sobre o celular e sua radiação. Sem wi-fi, a leitura voltou pra minha rotinha, devagarinho. Eu até tinha esquecido do iBook e do Lumosity no meu celular.

Conclusão do dia: É um pouco mais complicado de se comunicar, mas pessoalmente não tem preço.

 

Quarta-feira, cara a cara é o que há.

O meu trabalho é muito ao extremo entediante (rotina definitivamente não foi feita pra mim, por isso quis fazer jornalismo), então normalmente as pessoas ficam logadas. Sem a conexão, fui tomar um sol. Lá encontrei uma amiga que não via a tempos, dai fui conversar com a menina da recepção e de lá vi meu outro amigo e chegou mais outro e outro… Acho que fiquei meia hora papeando e de quebra ganhei vitamina D! Ainda estou curiosa por ver as redes sociais e com uma vontade imensa de falar com aqueles amigos de longe ~ de outra cidade, estado, país. Sem internet eu desenho mais. Sem whatsApp ou comodismo, fui fazer uma entrevista ao vivo e a cores. Por conta disso, consegui mais uma fonte no mesmo lugar, maravilha! O tempo passa mais devagar. Algumas pessoas começaram a sentir minha falta online. Por um momento pensei em como estou sobrevivendo, mas logo refutei esse pensamento. “Não, até que enfim estou vivendo de novo!”

Conclusão do dia: não ter vício é que é estar liberto

Quinta-feira,

Hoje o dia pacato pede por um ócio e vários “nada”, típico da dona internet. Sem muita opção, caminhei um pouco e encontrei pessoas com quem conversar, foi ótimo! Li e compus. Liguei para um amigo. Caminhei mais, conversei mais, conheci gente nova. Está complicado organizar os programas de fim de semana sem internet, e para aumentar minha curiosidade um amigo me diz que mandou “duzentas” mensagens. Consegui cochilar a tarde e ler, coisas que não fazia há algum tempo. Estou pensando em controlar minhas conexões assim que voltar, essa semana está sendo longa.

Conclusão do dia: Os dias são muito melhores quando são dias vivos.

Sexta-feira e Sábado

Já me acostumei com a ideia. Estes foram dias em que não anotei nada, estava ocupada demais vivendo, sentindo o sol na pele, conversando cara a cara, abraçando… Em resumo, estive ocupada vivendo a vida real.

  

 Conclusões finais – coisa que já estamos carecas de saber.

Não há nada de errado em ter contas nas redes sociais ou ficar com o celular ligado, no entanto um abraço e um beijo reais são melhores do que emojis. Uma ligação, um encontro, melhor do que acompanhar a vida de alguém por snapchat… Acho que eu redescobri que viver de verdade é quando você está tão maravilhado com algo que se esquece de tirar fotos, gravar ou compartilhar, porque está estagnado com tanta adrenalina e beleza na simplicidade da vida. Como vamos aproveitar a paisagem com um celular na nossa cara? Em festas tem os fotógrafos para isso, por exemplo. Então senta, relaxa e aproveita o momento. Quem não foi perdeu, simples.

Me prometa uma coisa, leitor. Quando estiver com a família ou com a galera, desliga a internet. Se desconecte da vida virtual e seja capaz se sentir o sangue pulsando no seu coração enquanto pode compartilhar amor em carinho e curtir estar na presença de pessoas reais em momentos reais com sentimentos reais, entonações reais.

Bora viver e não tão só existir com o bumbum num sofá e o mindinho dolorido?

 

Beijo no meio da testa. Te desejo adrenalina e serotonina.


3 comentários sobre “Semana Off-line

  1. Republicou isso em Se ao acasoe comentado:
    É a primeira vez que utilizo a função “reblogar” aqui. É irônico estar escrevendo sobre ficar offline num contexto de blog que nos convoca a estar continuamente online e produzindo. Mas aqui vai a reflexão de uma amiga que é pelo menos 90% compatível com o que eu penso (quem quiser saber onde ficara os outros 10%, que venha falar comigo).

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